Estudos científicos comprovam que uma boa noite de sono pode deixá-lo mais bonito e atraente, além de mais saudável
O sono tem garantido a nossa sobrevivência ao longo do tempo, mas, apesar de ser assinalado o Dia Mundial do Sono, ninguém parece dar-lhe o devido valor. Deitamo-nos tarde, fazemos noitadas, acordamos ainda mais tarde e nunca temos horários para descansar. E se lhe dissermos que uma boa noite de sono o torna mais bonito e atraente? Interessado?
Neurologistas e especialistas em sono, explicam quais os processos que ocorrem durante o sono e que influenciam a nossa aparência. "Se não dormirmos, não produzimos a hormona do crescimento, que, nas crianças, é essencial para crescer e, nos adultos, para a reparação dos tecidos." De facto, durante o sono, o corpo continua a trabalhar, preparando-se para o dia seguinte. Apesar de a temperatura baixar e os músculos e a mente descansarem, inicia-se a produção de hormonas que contribuem para uma regeneração dos tecidos, visível principalmente na pele do rosto. Para além das já conhecidas olheiras, entre os efeitos da falta de sono "são evidentes o acentuar de rugas e a falta de brilho da pele", explicam dermatologistas. Quem não dorme as horas de sono necessárias não produz a melatonina, conhecida pela sua ação anti-envelhecimento, nem a hormona do crescimento que estimula a produção de ácido hialurónico, responsável por ajudar a pele a absorver as moléculas de água, fazendo com que pareça mais hidratada.
SONO DE BELEZA
Se ainda havia dúvidas de que o sono nos podia deixar mais bonitos, existe agora um estudo científico - o primeiro sobre o tema - de um grupo de cientistas do Instituto Karolinska, em Estocolmo, que prova que o sono de beleza funciona mesmo. John Axelsson, o cientista que liderou o estudo, explicou ao Expresso porque decidiu fazê-lo: "A minha filha queria saber se a Bela Adormecida tinha ficado bonita depois de ter dormido ou se já era bonita. Não soube responder, por isso tive de fazer este estudo." Para encontrar a resposta, escolheu 23 pessoas, homens e mulheres, entre os 18 e os 31 anos, que foram fotografadas depois de oito horas de sono e novamente depois de estarem acordadas durante 31 horas. As fotografias foram tiradas nas mesmas condições e as pessoas estavam sem maquilhagem e com uma expressão facial neutra. As imagens foram depois avaliadas por um grupo de 65 observadores, que considerou menos atraentes e saudáveis e mais cansados os rostos dos voluntários que passaram mais de um dia sem dormir. Pelo contrário, as pessoas que dormiram oito horas tinham um ar mais atraente e saudável.
Até porque dormir bem não tem só benefícios para a pele, mas para todo o corpo. Quem não dorme o suficiente pode ter alterações de memória e humor, desequilíbrios emocionais, défices de atenção e concentração e uma maior dificuldade em ser criativo e resolver problemas. Além disso, a privação de sono aumenta o risco de hipertensão arterial, diabetes, doença coronária, cancro da mama e da próstata, diminui a fertilidade nos homens, aumenta o risco de acidentes de viação e de uma morte mais precoce.
DORMIR BEM NÃO É DORMIR DEMAIS
Por tudo isto, um adulto deve dormir entre seis a nove horas, mas não mais do que isso. Mais de metade dos portugueses parece cumprir esta regra. Um estudo de mercado realizado pela Nielsen Portugal, em 2008, revela que 57% dos portugueses dorme sete a oito horas por noite. Dormir de mais também faz mal e pode mais uma vez refletir-se na pele: o peso excessivo do cérebro e da caixa craniana apoiados durante muito tempo na pele do rosto provoca "edema, devido às perturbações na circulação da pele", revela o dermatologista. No entanto, não basta dormir bem apenas uma noite por semana, como explica a diretora clínica da Clínica do Sono, em Lisboa, Pilar Rente: "Devemos dormir bem todas as noites, para que possamos recuperar do desgaste físico e psíquico do dia anterior." Tudo aquilo que não fazemos durante a noite (dormir) reflete-se de tal forma na pele que se pode ver a olho nu.
Novidade é a influência do sono no peso. Mais uma hora de sono por noite combate a obesidade infantil, segundo um estudo do Centro de Investigação Biomédica em Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição (CIBERobn), em Espanha. Dormir pouco aumenta a produção de grelina, uma hormona que aumenta o apetite e a absorção dos alimentos, e diminui a produção de leptina, conhecida como a hormona da saciedade. Apenas uma hora extra de sono diminuiria em 36% a possibilidade de as crianças serem obesas. Por isso, para a cama... dormir!